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domingo, 24 de maio de 2009

AS DUAS FASES DA POLÍCIA CIVIL


Vivi duas Polícias... Vivi duas Polícias dentro de uma só Polícia. Vivi ontem uma Polícia que era artesanal e simplória, mas que produzia bons frutos para a sociedade sergipana e vivo hoje uma Polícia que é moderna e tecnologicamente estruturada em setores estratégicos, mas que a população reclama da sua eficiência.São Polícias que se transformaram em antagônicas devido a oscilação acontecida em diversos setores, com progressão e regressão sucessivamente através dos tempos, e que, indubitavelmente se descartaram o passado de muitos triunfos em detrimento do presente e do futuro, necessitando assim de um reajustamento, para enfim, em conjunto com o perceptível e claro crescimento das condições de trabalho já alcançadas e com perspectivas reais de ainda mais avançar, aliadas à qualificação profissional preeminente evoluída, assim como, pela experiência deixada para trás, chegar-se a uma Polícia mais forte e mais eficiente com a conseqüente ampliação dos anseios e conceitos positivos da população em sua relação.A Polícia Civil por ser uma Polícia investigativa, outrora trabalhava na sua função precípua de maneira artesanal e arcaica, ou seja, por intermédio de métodos obsoletos para colheitas de provas, sem os mecanismos técnicos e tecnológicos como existem na atualidade. Nos Inquéritos Policiais havia tão somente as provas testemunhais, documentais, e, raramente se encontravam provas técnicas devido às dificuldades existentes, assim como, pela fragilidade do Instituto de Criminalística que “faltava de tudo” para condicionar adequadamente os seus Peritos e suas conseqüentes Perícias, mas a dedicação, a persistência, o trabalho em equipe e o amor à causa dos profissionais da época superavam todos os obstáculos e tínhamos como resultado ótimas investigações. As condições de trabalho eram parcas e mínimas, os salários dos Delegados e Policiais eram ínfimos, mas trabalhávamos “irmanados” e unidos, e, isso “fazia a diferença”. Aquela era a condição essencial para se obter sucesso nas empreitadas. Além da nossa função constitucional de ser Polícia investigativa, de só começar a trabalhar após o ato delitivo ocorrer, também adentrávamos na seara preventiva da Polícia Militar e em conjunto realizávamos blitz e rondas em locais estratégicos ( até pouco tempo fizemos isso, e, até pouco tempo atrás um certo Secretário da Segurança Pública comandava pessoalmente tais operações ). O resultado daquelas operações era bastante positivo e muito aplaudido pela Sociedade Sergipana. Sempre apreendíamos armas, drogas, veículos roubados e pessoas foragidas da Justiça naquelas empreitadas. ( só para citar um exemplo, certa feita, em tempo não muito remoto, um “Delegado – irmão” apreendeu juntamente com sua equipe um veículo com dinheiro roubado e armas pesadas que estava com assaltantes de bancos, numa blitz realizada na saída da cidade ).Inevitavelmente veio a evolução e com ela novos profissionais com novas idéias, que se acharam no poder de mudar conceitos antigos sem a devida adaptação, se desprezando também componentes das classes que possuíam larga experiência no ramo, fazendo com que os mesmos fossem considerados decrépitos. Profissionais esses, que em conseqüência - por se sentirem desestimados - se acomodaram e hoje apenas esperam o tempo passar para alcançarem suas aposentadorias, sem nada mais produzir ou acrescentar. Pode se observar perfeitamente que temos excelentes e competentes Delegados que pretendem fazer Carreira na Polícia e que possuem boas idéias, podendo assim serem aproveitados em programas emergentes ou específicos, bem como em projetos reativos para soerguer o difícil labor Policial, não obstante, temos de igual modo, excelentes e competentes Policiais Civis e Escrivães que se dedicam às suas profissões, que sabem trabalhar a contento e que são investigadores natos, mas, contudo, adentrando na questão negativa da regressão na evolução de certos atos da Polícia, percebe-se naturalmente que a coisa não está fluindo como dantes. Está faltando algo, está faltando o primordial. Está faltando a união, a amizade, a “irmandade” entre o Delegado e o Policial e entre os próprios Delegados ( quando se fala em amizade e “irmandade” não se tira a Autoridade do Delegado, muito pelo contrário, ele é o chefe da equipe e deve ser respeitado como tal, conforme rezam os princípios da hierarquia e da disciplina inerentes às funções públicas, mas, uma equipe para alcançar vitórias tem que ser unida e ter amigos entre si, caso contrário não se chega a lugar algum ). Era assim antes e deve ser assim agora, mas, entretanto, não é isso que vemos na atualidade, ao passo que, sequer temos competência para ao menos mitigar tal problemática – não que seja essa a razão total do fracasso do sistema – mas que, por certo é um ponto nevrálgico – que sanado, será a partida imediata para as vitórias esperadas.Não vejo os profissionais de outrora serem melhores do que os atuais para haver tanta diferença de atuação, o que eu vejo hoje é muita apatia, desalento, desinteresse pela causa e desamor pela profissão por parte de muitos componentes das Classes que persistem sempre nos mesmos erros. Por outro lado, os Delegados se digladiaram tanto entre si por motivos diversos - também com algumas exceções - que uns causaram noutros feridas profundas bem difíceis de serem cicatrizadas.Para se acabar de vez com a briga pelos cargos de Superintendente e demais Direções da Policia Civil, sou adepto que se crie mecanismos legais para que a “chapa” seja escolhida por eleição no âmbito geral de subordinação da própria Instituição Policial.Urge, portanto, de um Líder apaziguador e conciliador, que ao mesmo tempo tenha “pulso firme para aparar as arestas”, resgatando o que possível for, gerindo a pasta com competência, equilíbrio, altivez e sensatez para dar cumprimento a um efetivo Plano de Segurança, enquanto que, nesse diapasão, necessário se faz também que cada um de nós deixe a empáfia de lado, reflita e repense os seus conceitos curando suas feridas com o remédio do perdão e com uma injeção de ânimo, voltando assim a coisa a ser como outrora, e que então, aliada ao potencial existente possa colocar nossa Instituição em um patamar superior, e em conseqüência, o Governo possa ainda mais aprofundar suas mudanças – que inegavemente já foram muitas - assim como também, solidificar melhoras na merecida e dedicada Policia Militar, para enfim, consolidar sua promessa de garantir ao povo uma Segurança de Excelência, povo esse que é o mais prejudicado nessa história, e que, em consonância, é justamente a razão da existência da própria Polícia. (*Delegado de Polícia Civil – Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública)

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